Finalmente:Marina defende cassação de Dilma e Temer via TSE
"A sociedade está pagando um preço muito alto"
Por Marcos Mortari - O Brasil passa hoje por uma situação dramática, em
que a sociedade está pagando um preço muito alto por um governo que
está há doze anos no poder, mas não soube fazer o que era necessário no
tempo certo, ocultando problemas para vencer as eleições. Essa é a
avaliação da ex-senadora e candidata derrotada na última disputa
presidencial, Marina Silva (Rede).
Em entrevista concedida à rádio Gaúcha, a política com passagem por PT,
PV e que participou das eleições de 2014 hospedada no PSB, criticou as
manobras feitas por sua adversária Dilma Rousseff durante uma campanha
que chamou de "infame processo de desconstrução" que "extrapolou todos
os limites da ética" e diz que o país agora colhe os frutos da
sobreposição do pragmatismo a agendas programáticas. Durante a conversa,
que durou cerca de 15 minutos, ela fez referência à atual situação da
inflação, do desemprego, ao cenário recessivo e os riscos de perda de
benefícios, também por conta de mudanças em regras feitas no ano
passado.
"No meio de uma crise como essa, temos pelo menos 4 programas
econômicos – aliás, já temos uns cinco: o programa do governo que era
com Levy, o programa do atual ministro, o programa do presidente do
Senado, o programa do PMDB e o programa do PT, feito pela Fundação
Perseu Abramo. Isso, sim, é que é não ter posição", criticou Marina, que
foi ministra do Meio Ambiente durante parte do governo Lula. No
entanto, para ela, o climapolítico traz efeitos ainda mais nocivos para o
contexto de crise. Durante seu discurso, ela voltou a criticar as
alianças interesseiras e o toma-lá-dá-cá da política brasileira como
ingredientes de instabilidade que se aliam à perda de base para
governabilidade da atual gestão.
Sobre o impeachment, Marina Silva enfatizou sua leitura de que o
mecanismo está previsto nas regras do processo democrático brasileiro.
"Impeachment não é golpe. Está previsto na Constituição. Já foi feito
uma vez em relação ao presidente Collor e ninguém achou que era golpe.
Foi pedido várias vezes pelo próprio PT em relação a outros governos, e
na época eles não achavam que era golpe. Impeachment é uma forma
legítima estabelecida pela Constituição. Agora, é preciso que se cumpra
alguns regramentos. No meu entendimento, o melhor caminho para o Brasil é
o processo que está no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), porque, no
TSE, haveria a cassação da chapa, se forem comprovadas as graves
denúncias de que o dinheiro da corrupção foi utilizado para a campanha
do vice-presidente e da presidente da República", argumentou.
O processo de cassação ampararia a percepção de Marina de que o
vice-presidente Michel Temer também tem responsabilidade sobre o atual
momento vivido pelo Brasil. "Entendo que tanto o PT quanto o PMDB, tanto
a presidente quanto o vice-presidente são responsáveis pela crise,
responsáveis pelos desmandos que estavam acontecendo hoje em nosso país,
inclusive na Petrobras", disse. "Os dois são face da mesma moeda e
claro que nós defendemos é que deem encaminhamento urgentemente ao
processo que está tramitando no TSE".
Quando questionada sobre a possibilidade de concorrer às próximas
eleições, a ex-senadora desconversou: "ainda não tomei essa decisão.
Tenho amadurecido a natureza da minha contribuição". Em caso de cassação
da chapa Dilma-Temer no TSE, novas eleições seriam convocadas. Vale
ressaltar que Marina é um dos nomes mais bem cotados nas pesquisas para o
pleito. Segundo o Datafolha, em todos os cenários estudados, a
fundadora da Rede teria mais de 21% das intenções de voto dos
entrevistados.
Brasil 247
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